“Chega. Tá bom. Domiciano não vai mais investir nada num negócio que degringolou. A gente tá vendo. Aí fica esse tal de Manoel inventando pesquisa e Cássio azucrinando o juízo dele pra continuar nessa coisa que todo mundo já sabe que não tem mais futuro”. O desabafo teria ocorrido ontem entre um familiar do candidato a vice de Pedro Cunha Lima, o empresário da construção civil Domiciano Cabral, e figuras da cúpula da campanha tucana nesta reta final do segundo turno.
O fato em si revela a reviravolta que aconteceu no bunker tucano, que começou com ótimas perspectivas nos primeiros dias após o segundo turno e foi minguando até chegar nesse estágio na reta final: sobrando dívidas e faltando recurso até para as bandeiras e equipes nos sinais de trânsito.
De acordo com analistas e políticos experientes, a sucessão de erros acumulados justificam o desânimo e a desorganização nesta reta final de campanha. Eles apontam que o primeiro grande erro foi anunciar Veneziano Vital antes de Nilvan, que era adesão muito mais certa para Pedro devido às críticas ao governador feita por ambos no primeiro turno. Nilvan se irritou e disse que não ia estar em palanque ao lado do emedebista, da esquerda, e ainda por cima, com Pedro “ficando em cima do muro” na eleição presidencial.
Outra causa para isso vem de duas figuras que emergiram na campanha: Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho. O ex-senador e pai do candidato foi exposto como o front de sua campanha. O ex-candidato Nilvan Ferreira e o deputado federal Julian Lemos revelaram que quem fala pela campanha de Pedro é Cássio. Isso pode ser visto inclusive nas últimas postagens do deputado estadual Bosco Carneiro, no Instagram, que aderiu a Pedro.
Já Ricardo anunciou apoio público ao tucano. Em um áudio “vazado”, disse que o melhor voto seria em Pedro, e nos últimos dias vem fazendo campanha nas redes sociais e aplicativos de mensagem. O apoio de Ricardo não teria pego bem para Pedro principalmente em Campina Grande e João Pessoa. “É o chefe da Calvário dentro da campanha, como cabo eleitoral, de quem mais critica a Calvário”, pontificou um vereador de Campina.
Outro grande erro foi feito por Efraim Moraes, quando teria garantido que levaria o Republicanos para os braços de Pedro. Isso praticamente paralisou a campanha do PSDB, enquanto João Azevêdo começou a reagir levando apoios de prefeitos e deputados que votaram em Veneziano e até em Nilvan no primeiro turno.
Quando o Republicanos se reuniu e anunciou que ficava praticamente completo com João, a campanha de Pedro perdeu o prumo de vez e as pesquisas começaram a dar boa vantagem ao atual governador. Isso afastou ainda mais os políticos e doadores do QG montado por Cássio, sobrando apenas o fiel e desprendido Domiciano. Mas como tudo tem limites, já tem gente da família questionando o momento emocional do candidato a vice e a hipnose que Cássio exerce sobre qualquer cidadão: “Se ele não parar, nós vamos ter que interditar ou sequestrar Domiciano de lá, para que ele recobre as faculdades mentais e veja que dessa vez não dá mais”, confindenciou o parente do candidato a vice-governador pelo PSDB.
*Boletim Paraíba