O cenário político de Lucena, no litoral norte da Paraíba, acaba de ser sacudido por uma grave denúncia envolvendo o presidente da Câmara Municipal, vereador Mersinho da UP. Documentos obtidos por fontes ligadas à oposição apontam que o parlamentar estaria favorecendo, com recursos públicos, uma empresa ligada diretamente à sua família.
A empresa em questão é a UP Telecom Serviços de Comunicação e Multimídia LTDA (CNPJ 10.547.755/0001-64), que, segundo registros, começou a receber pagamentos da Câmara Municipal a partir de 10 de janeiro de 2025. Embora o sócio-administrador formal da empresa seja Ednaldo Gomes Cavalcante Júnior, irmão de Mersinho, as evidências indicam que o vereador teria controle indireto sobre o negócio — o que configura um possível conflito de interesses.
Segundo especialistas em direito público e eleitoral consultados, a situação pode se enquadrar em irregularidade grave, já que o uso de familiares para operar empresas contratadas por órgãos públicos onde se exerce poder político pode caracterizar desvio de finalidade e até mesmo enriquecimento ilícito.
O caso está sendo cuidadosamente documentado por adversários e ex-aliados de Mersinho da UP, e deverá ser encaminhado nos próximos dias ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB) e ao Ministério Público da Paraíba, por meio do Gaeco — grupo especializado no combate ao crime organizado.
Fontes próximas à denúncia afirmam que a ligação familiar entre o vereador e o administrador da empresa estaria sendo propositalmente omitida nas prestações de contas da Câmara, como forma de dificultar a identificação do favorecimento. Apesar disso, os registros contábeis mensais da Casa Legislativa mostram os pagamentos regulares à UP Telecom, levantando suspeitas sobre a real natureza da contratação.
A empresa UP Telecom, que por muitos anos teve ampla atuação no fornecimento de internet no município, também enfrenta dificuldades no setor privado. Com a chegada de novas operadoras, a empresa vem perdendo clientela e influência no mercado local, o que pode ter motivado ainda mais a busca por recursos públicos como forma de manter o grupo familiar financeiramente ativo.
A expectativa agora é de que os órgãos de fiscalização analisem os documentos e tomem providências caso sejam confirmadas as irregularidades. Se for comprovado que houve uso indevido de verba pública para beneficiar parentes, o vereador Mersinho da UP pode enfrentar sanções eleitorais, administrativas e até criminais.
A população de Lucena aguarda respostas.