O jornal O Globo, em sua edição de ontem, noticiou que o deputado federal Wellington Roberto, presidente do Partido Liberal na Paraíba, já fez acenos na direção do governo Lula. A mesma publicação informa que Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, já fez chegar aos correligionários que não quer ver discursos de defesa, no Congresso Nacional, do vandalismo em Brasília no último dia 8.
“O pluralismo do PL extrapola a dicotomia entre quadros tradicionais e bolsonaristas. Um grupo de parlamentares da sigla sobretudo de estados do Nordeste, já emitiu sinais claros na direção de Luiz Inácio Lula da Silva. Deputados como João Carlos Bacelar (BA) e Wellington Roberto (PB) já votaram a favor de projetos de interesse do novo governo”, diz trecho da matéria do O Globo.
Confira a matéria:
Valdemar Costa Neto emite sinais difusos entre radicais bolsonaristas e o Judiciário
O presidente do PL e correligionário de Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, vem emitindo sinais difusos para se equilibrar entre a radicalização da base bolsonarista e a necessidade de se posicionar diante dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Embora tenha condenado publicamente as invasões aos três Poderes, ele não tomou qualquer providência a respeito dos deputados federais eleitos pelo partido e suspeitos de incitação aos ataques: André Fernandes (PL-CE) e Silvia Waiãpi (PL-AP) são alvos de um pedido de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Agora, Costa Neto tenta se dissociar do movimento extremista para evitar que seus problemas com a Justiça se agravem. Em novembro, o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou o bloqueio das contas do PL após a legenda entrar com uma ação contestando o resultado da eleição, sem apresentar provas. O discurso que busca deslegitimar as urnas é a principal bandeira do grupo que invadiu e depredou as sedes do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto.
A outra variável da equação de Costa Neto não está na esfera judicial, mas política. Qualquer movimento incisivo contra os aliados do ex-presidente pode criar uma cizânia interna. Um eventual racha no PL poria em risco a musculatura do partido, que elegeu 99 deputados e se tornou a maior bancada da Câmara, um ativo caríssimo para o presidente da legenda.
No caminho do meio, ainda sem fustigar aliados, Costa Neto já avisou que expulsaria filiados que fossem flagrados na multidão golpista. Oficialmente, a legenda argumenta que qualquer procedimento só será aberto após o término das investigações em curso. Em contrapartida, o PL informou ainda que não bancará a defesa de ninguém que responda a processos relacionados aos ataques.
Nos bastidores, a fim de evitar saias-justas, o cacique da legenda já fez chegar aos correligionários que não quer ver discursos de defesa dos episódios do dia 8. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) foi um dos que chegou a reclamar nas redes sociais das prisões dos autores dos ataques. Ele também afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Flávio Dino, e Alexandre de Moraes deveriam ser responsabilizados por abuso de autoridade. O parlamentar é só elogios à atuação do mandatário da sigla, a quem classifica como “líder”.
— O presidente Valdemar tem buscado manter a bancada unida. E, para isso, tem atendido a todos de forma igual. Ele se mostra mais que um presidente de partido, um grande líder — afirmou Jordy, eleito em 2018 e 2022 na esteira do bolsonarismo.
A encruzilhada de Valdemar da Costa Neto apenas se tornou mais complexa depois das cenas de vandalismo vistas em Brasília duas semanas atrás. Desde o final de 2021, quando Jair Bolsonaro e vários de seus aliados entraram no PL, o cacique da legenda precisa se equilibrar entre os pleitos do grupo do ex-presidente e os políticos que já estavam na sigla anteriormente. Estes formam a maioria e dividem as trincheiras com Costa Neto há mais tempo. Na bancada da Câmara, por exemplo, apenas um terço dos quadros é formado por bolsonaristas. Com frequência, os interesses das duas alas não convergem. Além disso, quase sempre, há representantes dos dois lados trabalhando por espaços.
A distribuição feita por Costa Neto prioriza a turma apelidada de PL raiz, ou seja, pré-Bolsonaro. O líder do partido na Câmara, por exemplo, é Altineu Côrtes (RJ), representante da ala mais tradicional da sigla. Ele permanecerá no posto por mais um ano.
A vice-presidência da Câmara, a segunda cadeira mais cobiçada da Casa, pertence ao PL. O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), da bancada evangélica e ligado ao ex-presidente, deverá ser o escolhido do partido para assumi-la. A indicação é simbólica. Hoje, o posto é ocupado por Lincoln Portella (MG), quadro histórico da legenda e sem qualquer vinculação ao bolsonarismo.
Sinais a Lula