Seis médicos já morreram na Paraíba vítimas de Covid-19 desde o início da pandemia, segundo mostra um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Medicina no estado (CRM-PB). Até a última quinta-feira (14), 628 profissionais de saúde estavam sob suspeita de infecção pelo novo vírus. O boletim epidemiológico mais recente, divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) nessa terça-feira (19), confirmou que 289 trabalhadores da área contraíram a doença. O CRM-PB acredita, no entanto, que há subnotificação de casos.
Para o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais, é preciso que o poder público garanta a segurança para as equipe de saúde de todo o estado. “Hoje, já contabilizamos seis médicos mortos pela Covid-19 na Paraíba. Eram profissionais que estavam na ativa, oferecendo o que tinham de melhor, que era prestar auxílio e socorro médico a quem precisava. Quanto mais médicos infectados, menos profissionais teremos para enfrentar essa batalha. Preocupa também que garantias trabalhistas estes profissionais terão enquanto estiverem adoecidos e sem trabalhar”, destacou.
Os problemas no processo de triagem, falta de Equipamentos Individuais de Proteção (EPIs), insumos, exames e medicamentos, material para higienização e recursos humanos são as principais queixas dos médicos que atuam em unidades de saúde que prestam assistência a casos confirmados e suspeitos de Covid-19 na Paraíba. Desde o dia 30 de março, através de uma plataforma de denúncias online sobre as falhas na infraestrutura de trabalho, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) já recebeu 63 relatos de médicos sobre os problemas.
As denúncias de precariedade nas unidades de saúde recebidas pelo CRM-PB foram de médicos que atendem nas unidades de saúde de João Pessoa, Santa Rita, Bonito de Santa Fé, Mamanguape, Campina Grande, São Bento, Pitimbu, Guarabira, Bayeux, Itaporanga e Patos. Os profissionais relatam que faltam aventais, máscara cirúrgica, máscara n95 ou equivalente, óculos ou protetor facial, luvas cirúrgicas, gorros, luvas, além da escassez de insumos, como medicamentos, kits de exames para Covid-19, acesso a exames de imagem, material para curativos e peças educativos, como cartazes e folders.
Os médicos também informaram que há unidades sem abastecimento de álcool a 70% e em gel, papel toalha, sabonete líquido e desinfetante ou outro insumo recomendado. Sobre os recursos humanos, há denúncias de falta de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, profissionais de limpeza e cozinha.
Plataforma de denúncia
Os médicos do Estado podem ainda fazer denúncias através do canal criado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela internet, com este objetivo. Na plataforma, podem ser informadas as falhas identificadas pelos médicos nos seus locais de trabalho.
Médicos contra a Covid-19
Para verificar as denúncias e aumentar a segurança dos profissionais de saúde em seus locais de trabalho, o CRM-PB, através da campanha ‘Médicos Contra o Coronavírus’, tem visitado hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no estado para verificar a quantidade de EPIs, respiradores, leitos e profissionais de saúde, como está sendo feito o fluxo de pacientes e alertando aos médicos sobre a necessidade de notificação de todos os casos de síndrome respiratória, mesmo as leves e moderadas. Já foram visitadas unidades de saúde das cidades de João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, Cajazeiras, Patos, Sousa, Pombal, Monteiro, Sumé, Serra Branca, Cuité, Picuí, Nova Floresta, Campina Grande, Guarabira, Belém e Solânea.
Por Portal Correio